PREFÁCIO
José Cunha-Vaz
A retinopatia diabética é indiscutivelmente hoje em dia um pro-
blema de saúde de grande relevância e um dos maiores desafios
para a Oftalmologia.
A diabetes continua a aumentar com o progressivo envelheci-
mento da população e maior frequência da obesidade devido ao
maior acesso a alimentações mais ricas. Por sua vez os doentes nem
sempre seguem as recomendações dos seus médicos, pelo que as
complicações da diabetes tal como a retinopatia diabética e a perda
de visão continuam a ser frequentes.
Os progressos do conhecimento médico continuam, no entan-
to, a lutar contra estas tendências e a oferecer melhores soluções
para o acompanhamento e tratamento da retinopatia diabética. Há,
atualmente, novas perspetivas para o tratamento personalizado do
individuo diabético no sentido de impedir a progressão da retinopa-
tia para a perda de visão. É possível identificar os doentes que estão
em risco e há novas terapêuticas que não só impedem a perda de
visão, como chegam a ser capazes de recuperar a visão já perdida.
O desafio, nesta altura, inclui um rastreio eficaz para uma deteção
precoce da retinopatia diabética, o acompanhamento com biomar-
cadores de progressão, e, quando as complicações da retinopatia
diabética surgem, isto é, o edema macular clinicamente significati-
vo e a retinopatia diabética proliferativa, o seu tratamento atempado
com os meios já disponíveis.
Cada doente diabético deve ser encarado como um individuo
diferente, com diferentes fenótipos de progressão da retinopatia
modulados pelos seus hábitos de vida, cuidados no controlo meta-
bólico da diabetes, etc.
As vias de comunicação entre o médico generalista e o oftalmo-
logista, e quando necessário o diabetologista, têm de estar sempre
abertas e têm de ser cada vez mais utilizadas.
As perspetivas para um eficaz tratamento da retinopatia diabé-
tica são melhores do que nunca. É fundamental conhecer bem a
doença, as suas características e a sua evolução para que o trata-
mento possa ser efetuado corretamente e na altura certa.