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Qual o papel dos corticoides no
tratamento da Retinopatia Diabética?
Susana Teixeira
Hospital Fernando da Fonseca e Instituto de Retina de Lisboa
Os glicocorticoides são um grupo de medicamentos muito versá-
teis e com amplo espectro de acção. Podem ter uma actuação muito
rápida após a sua administração ( mecanismos não genómicos ou
pós translaccionais) que permite uma quase imediata redução do
edema macular ou uma acção mais tardia sustentada pela modu-
lação de genes responsáveis pela produções de várias citoquinas
(
mecanismo genómico) como a IL1, VEGF, TnF-alfa, ILC, IL-8, COX2
e ON.
1,2,3,4
Medicamentos com efeito simultaneamente anti-inflamatório,
anti-apoptótico, anti-edematoso e anti-angiogénico não poderão
deixar de ser importantes aliados no tratamento do EMD. Estão no
entanto associados ao aparecimento de cataratas, glaucoma e endof-
talmite.
Temos ao nosso dispor diferentes corticóides, em diferentes
formulações e com características também diversas o que poderá
levantar a dificuldade na escolha de qual o melhor medicamen-
to, formulação e dosagem a aplicar ao “meu doente”. Para melhor
poder decidir será importante conhecer a experiência clínica exis-
tente.
CORTICOIDES PERIBULBARES
Apesar de haver racional, da nossa prática clínica e de vários
trabalhos demonstrarem beneficio na utilização de corticoides peri-
bulbares
1,2
como complemento da terapêutica laser, um estudo de
fase II apoiado pelo NEI não demonstrou benefício dessa utilização
pelo que estes autores não o recomendam.
3
Tem um menor efeito
do que a administração intra-vítrea mas poderá ser suficiente para
o objectivo terapêutico se for associado, por exemplo a um anti-
-
VEGF. Por outro lado tem também menor risco de utilização, pode
ser administrado em locais com menos exigências técnicas e é muito
cost-effective.
5,6,7