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PERGUNTAS & RESPOSTAS
RETINOPATIA DIABÉTICA - Novo Paradigma de Cuidados
redução do risco de hemorragia recorrente no pós-operatório, quer
precoce quer tardia. O facto de poder haver menor trauma cirúrgico,
menos risco de sangramento per-operatório e uma regressão marca-
da do componente neovascular com estes fármacos pode contribuir
para esta redução do risco. A semi-vida destes fármacos na cavidade
vítrea após vitrectomia é extremamente curta, mas eles podem ser
detetados na retina até 14 dias após a injeção, o que pode contribuir
para este efeito protetor na taxa de novas hemorragias
8,9
.
O “timing” e a dose necessária do fármaco permanecem assun-
to de alguma controvérsia. Di Lauro comparou a administração de
bevacizumab 7 e 20 dias antes da vitrectomia e concluiu que o gru-
po de doentes tratados 20 dias antes da cirurgia apresentava taxas
mais elevadas de hemorragia intra-operatória, uso de diatermia, ras-
gaduras iatrogénicas e uma maior duração do procedimento
10
.
O ris-
co de agravar ou induzir descolamentos de retina tracionais devido
à contração do componente fibrovascular foi também relatado em
várias séries
11-13
.
Recentemente, um trabalho de Oshima demonstrou
progressão do descolamento tracional em 18% dos olhos tratados
com bevacizumab antes da cirurgia. O tempo médio desde a injeção
até a cirurgia foi de 7 dias. Apesar disto, os resultados visuais foram
ligeiramente melhores e o tempo cirúrgico menor nos doentes pré-
-
tratados
14
.
Os dados disponíveis sugerem que o efeito dos anti-angiogénicos
na neovascularização é rápido, com regressão dos neovasos após 24
horas na maioria dos casos
15
.
Assim,
3
a 5 dias ou até menos pode-
rão ser suficientes para produzir o efeito desejado, minimizando o
risco de agravar ou induzir um descolamento tracional da retina
.
No caso dos doentes diabéticos, é necessário o Oftalmologista certi-
ficar-se que o paciente tem condições para cirurgia na data prevista,
já que se por algum motivo a cirurgia for adiada o risco de contração
fibrovascular e agravamento do quadro pode ser maior.
A dose de anti-angiogénico utilizada na maioria das séries é a
mesma que se utiliza noutras patologias como a degenerescência
macular da idade exsudativa. No entanto, alguns artigos recentes
sugerem que uma dose menor poderá ser igualmente eficaz, existin-
do relatos de um efeito benéfico com doses muito baixas (0,25mg)
de bevacizumab
16
.
Em resumo, o uso pré-operatório de anti-angiogénicos na reti-
nopatia diabética parece simplificar a cirurgia, reduzindo o risco de
sangramento per e pós-operatório, reduzindo o risco de rasgaduras