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Retinopatia Diabética, que fatores
de risco e qual a importância do seu
controlo?
Marta Vila Franca, João Nascimento
Instituto de Retina de Lisboa
A Diabetes Mellitus e, em particular, a retinopatia diabética (RD)
têm sido alvo de vários estudos epidemiológicos que permitiram
identificar os fatores de risco associados ao aparecimento e progres-
são da RD, sendo os mais importantes a hiperglicemia, a hipertensão
arterial e a duração da doença.
Control da Glicemia –
Verificou-se que níveis elevados de HbA1c
se associam a uma maior incidência e progressão para qualquer for-
ma de RD
1,2,3
,
sendo esta relação independente quer da duração
quer do grau de RD
4
.
Nos doentes com DM tipo 1 o estudo
Diabe-
tes Control and Complications Trial
(
DCCT) demonstrou que o bom
controlo metabólico (HbA1c 7,2% vs 9%) permitiu uma redução de
76%
no desenvolvimento de RD, de 60% no desenvolvimento de
neuropatia e de 54% de nefropatia
5
.
Nos doentes com DM tipo 2 o
estudo
United Kingdom Prospective Diabetes Study
(
UKPDS) mos-
trou que o bom controlo metabólico (HbA1c 7% vs 9%) se asso-
ciou a uma redução de 25% das complicações microvasculares
6
.
Na diabetes tipo 2 o
Diamicron Modified Release Controlled Eva-
luation trial
(
ADVANCE), randomizou 11,140 doentes para controlo
intensivo da glicemia versus controlo standard; o desenvolvimento
ou agravamento da retinopatia diabética foi de 6,0 % e 6,3% no
controlo intensivo versus standard respetivamente (a redução do ris-
co relativo foi de 5%). Na diabetes tipo 2 uma vez atingidos os níveis
de HbA1c de 7% a evidência científica sugere que o esforço suple-
mentar em intensificar o controlo da glicemia produz pouco efeito e
pode aumentar o risco cardiocirculatório
7
.
É importante referir que o
Control Cardiovascular Risk in Diabetes
Study
(
ACCORD) foi interrompido pelo aumento anual de enfartes
do miocárdio fatais no grupo de controlo intensivo da glicemia com
1,41%
contra 1,14% no grupo de controlo standard da glicemia. Pare-
ce preferível ter objetivos menos restritos dos valores de HbA1c em
doentes que apresentem uma baixa esperança de vida, complicações
macro ou microvasculares avançadas ou extensa comorbilidade
8
.