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PERGUNTAS & RESPOSTAS
RETINOPATIA DIABÉTICA - Novo Paradigma de Cuidados
Um dos eventos primordiais na génese do EMD é a morte celu-
lar de pericitos. Agentes inflamatórios como citoquinas e factor de
crescimento do endotélio vascular (VEGF) estarão envolvidos na sua
patogénese, apontando para uma etiologia multifactorial.
7,8
Diversos
estudos mostraram que os agentes anti-inflamatórios e os anti-angio-
génicos, actuam em mecanismos diferentes da patogénese do EMD,
existindo pois um racional para a sua associação neste contexto.
Assim, face à multifactorialidade que está na origem da retino-
patia diabética em geral e do EMD em particular, e considerando o
limitado efeito da laserterapia,
uma abordagem combinada utili-
zando laser e agentes farmacológicos
parece fazer sentido no trata-
mento desta situação.
O interesse da corticoterapia, nomeadamente da triamcinolo-
na, quer em administração intravítrea quer subtenoniana, tem sido
amplamente avaliado. O Diabetic Retinopathy Clínical Research
Network (DRCR.net) veio revelar que, apesar duma melhoria em
fases iniciais, a triamcinolona não parece ser superior à laserterapia
no segundo e terceiro ano de
follow-up
.
18
Por outro lado estas for-
mas de tratamento foram associadas a importantes efeitos adversos,
nomeadamente hipertensão intraocular (HTIO), catarata e endoftal-
mite, entre outros. Estes efeitos adversos são comuns a outros cor-
ticóides, inclusive na forma de implante intravítreo de libertação
lenta, como a dexametasona ou a fluocinolona. Entretanto encontra-
-
se também em curso um estudo de fase 2 para avaliar o efeito do
Ozurdex no edema macular diabético refractário.
9,10,11
A
terapêutica antiangiogénica
intravítrea, seja com ranibizu-
mab ou bevacizumab foi amplamente estudada no BOLT Study e
pelo grupo PACORES (The Pan-American Collaborative Retina Study
Group) e provou ser superior à laserterapia clássica no tratamento
do EMD.
12,13
No entanto, também os agentes antiangiogénicos admi-
nistrados em injecção intravítrea, apresentam riscos a nível local tais
como a endoftalmite, com incidência particularmente aumentada
nos doentes diabéticos, descolamentos de retina, quer por trauma-
tismo directo quer por tracção e HTIO, cujo risco parece aumentar
com o número de injecções. Para além destes riscos locais, há a
considerar os riscos sistémicos de tais terapêuticas, nomeadamente
fenómenos tromboembólicos
.12,14,15,16
Apesar dos agentes antiangiogénicos terem apresentado em geral
melhores resultados nos ensaios clínicos relativamente à corticotera-
pia, quando se compara o efeito directo dos dois tipos de fármaco